sábado, 14 de junho de 2014

OS ANARQUISTAS ESTÃO CERTOS

* Honório de Medeiros

Que dizem os anarquistas?

Qual o núcleo do capitalismo? A mais-valia. Sem mais-valia não há luta de classes. Lê-se isso em Raymond Aron, "O Marxismo de Marx": "Por último é a teoria da mais-valia que serve como fundamento para o conjunto da construção teórica de Marx, pois o regime capitalista só funciona na medida em que gera mais-valia (...)".

Como surge a mais-valia? Via divisão do trabalho social. Sem que muitos trabalhem para poucos, gerando o excedente, não há mais-valia.

E como, por sua vez, surge a divisão do trabalho social?

O que sabemos acerca desse momento da história no qual, pela primeira vez, surgiu a divisão do trabalho social?

Tal somente foi possível através da persuasão ou da força. A força da persuasão ou a persuasão da força.

Em ambos os casos, somente é possível a persuasão ou força por intermédio do Poder.

O Poder de persuadir, oriundo da capacitação intelectual, do desnivelamento intelectual, ou o poder da força, por intermédio da força física. A força do Poder, o Poder da força.

Tão óbvio isso que Engels tentou entender o papel da força quanto ao surgimento do capitalismo em "Anti-Duhring". Mas não há como negar a acumulação primitiva à custa do exercício da força. 

Então, na base, está o exercício do Poder. Somente há capital porque há Poder.

Os anarquistas estão certos.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

DE CRIMINALIDADE




* Honório de Medeiros

Diferente da corrente majoritária hoje nas análises sociológicas acerca das causas da criminalidade e suas consequências, defendo uma abordagem, acerca do tema, de caráter darwinista. 

Ou seja, penso que está mais que no tempo de superar a falida postura de atribuir às condições sociais, à pobreza, por assim dizer, o surgimento da criminalidade.

A pobreza não é causa, é um dos ambientes do surgimento da criminalidade. Para o senso comum, principalmente o brasileiro, é fácil entender essa hipótese: basta acompanhar, diariamente, o noticiário acerca da corrupção. 

Existe uma lógica perversa, típica, por trás da difusão e aprofundamento dessa manobra diversionista que é atribuir á pobreza o surgimento da criminalidade. É uma lógica de gueto, secessionista, da qual se apropriam os interessados em usufruir da confusão que ela origina.

Acerca desse tema tive oportunidade de escrever um artigo que submeto à atenção do leitor: http://honoriodemedeiros.blogspot.com.br/2012/10/o-que-leva-o-jovem-ao-crime.html.

Em relação ao reconhecimento desse "ethos da hipermasculinidade”, ou seja, trocando em miúdos, “a busca do reconhecimento por meio da imposição do medo”, a literatura também se manifesta, mesmo que obliquamente, no sentido de reconhecê-la como uma das causas da criminalidade.

Leiam atentamente o trecho a seguir, pinçado de "Maigret hesita", do genial Georges Simenon, escrito em 1968:

"É provável que lá também encontrasse um pobre sujeito que havia realmente matado porque não podia agir de outro modo, ou então um jovem delinquente de Pigalle, recém-chegado de Marselha ou da Córsega, que eliminara um rival para se fazer crer que era um homem." 

Ai está o senso comum e a literatura mais uma vez mostrando de forma inequívoca por qual razão deve ser um ponto-de-partida para o conhecimento.


* Arte em armonte.wordpress.com