sábado, 28 de maio de 2011

FRANKLIN JORGE, O INCONFORMISTA UTÓPICO

Franklin Jorge

 “Atingi uma idade na qual que posso mensurar a extensão do meu fracasso. Em nenhum momento da minha vida, antes de me tornar o que sou, conjecturei de abdicar do meu projeto – ou utopia, caso queira – de, através da elaboração de uma obra que me justificasse no futuro, dar o testemunho de minha existência: o breviário de uma existência dominada pelo ato de escrever. Sempre estive convicto de que nascemos para a realização de uma obra capaz de persuadir o mérito”. – Assim o escritor e jornalista Franklin Jorge se apresenta em conversa com este entrevistador, Honório de Medeiros.

[...]

Nascido no Ceará - Mirim e criado no Assu, em uma propriedade rural que explorava, quando nasceu, a cultura do algodão, a que chamavam de “ouro branco”, e foi pioneira na exploração da agricultura irrigada naquela rica e peculiar região do estado, Franklin Jorge pertence – ao seu Ceará - Mirim natal e ao Assu telúrico e primordial em sua sensibilidade; pertence, também, ao humanismo com que se nutriu o seu precoce talento.

Eis, na íntegra, a entrevista:

Honório de Medeiros: Vc saiu do NJ por quê?

Franklin Jorge: O jornal viu-se constrangido a fazer cortes, como outras empresas que estão sofrendo com os prejuízos causados à economia e aos demais setores pelo governo do ex-presidente Lula. Alguns acumularam editorias e funções. Eu continuo escrevendo meu jornal aos domingos.

Se assumisse a Fundação José Augusto [FJA] quais seriam suas primeiras medidas?

Franklin Jorge: Devolveria a instituição à Cultura, contrariando uma prática banal e corriqueira – “serviço”, como queiram - que tem prestado em quatro décadas a gestores inescrupulosos, arrogantes, cheios de si, auto-suficientes e inócuos em suas eventuais ou pontuais realizações que atendem tão somente e sempre à satisfação de uma fome indormida e contrariada de “poder” e notoriedade de egos doentes e sem pensamento; uma gente que tem mamado nas tetas da quê, aqui no Rio Grande do Norte, é velha e flácida – a cultura “pensada” pelo “oficialismo”.

Reuniria os reais talentos da nossa terra, independentemente de suas possíveis idiossincrasias e credos (estéticos, ideológicos, políticos, etc.), e transformaria suas idéias e utopias em ações plurais, concretas e interativas.

Tornaria a Fundação José Augusto instrumento da Cultura e extinguiria qualquer ranço de personalismo vigente, de homenagens auto-impostas, de cabotinismo consagrado por todas as gestões que deram o ar de sua graça e enfeitaram por um momento a comédia da cultura potiguar; masturbações, enfim, que só satisfazem o ego dos gestores nomeados por interesses partidários – ou como ocorre vulgarmente em todos os governos, por “afilhadismo”, como vimos com o chefe da Casa Civil de Micarla de Souza, empregando de uma só tacada dois filhos seus em sinecuras na Câmara Municipal de Natal.

 Escusado dizer que nunca deram expediente... Enfim, velhas práticas que meramente extorquem ou exaurem os recursos públicos sem reverter em proveito efetivo para a Cultura e os potenciais consumidores de Cultura.

Efetivaria mudanças estruturais e avançaria com uma política de cultura debatida e bem pensada por setores que produzem ou consomem cultura na brava terra de Poti, índio velho que vinha a ser um comedor de cabeças de camarão.

Programaria uma política de cultura pluralista, absolutamente não impositiva, democrática – como deve ser a cultura antenada com os cidadãos. Enfim, valorizaria o uso dos nossos impostos extorsivos e malcuidados.

Decretaria obrigatório o dinamismo, a insatisfação, o exercício experimental da liberdade, a qualidade em tudo que diz respeito à cultura sem demagogia e populismo encruados e, antes de qualquer outra deliberação, aboliria o comodismo e o não ter o que fazer na Fundação José Augusto.  Creio que todos nós já sonhamos alguma vez com o dia em que a FJA deixaria de ser o túmulo da cultura norte-rio-grandense.

Quem, no RN, escreve bem hoje?

Franklin Jorge: Em prosa, Marcelo Alves Dias que acaba de lançar em Natal com grande sucesso seus “Ensaios Ingleses” para o qual que tive o prazer de escrever as orelhas; Rodrigo Levino, o que há de novo e instigante em nossas letras; Adriano de Souza; Woden Madruga, que jamais publicou um livro na vida e tem recheio para vários; Jarbas Martins e Márcio de Lima Dantas, meus críticos prediletos; Sheyla Azevedo; Nivaldete Ferreira; Bartolomeu Correia etc. Em poesia, hoje, no Rio Grande do Norte, qualquer calhorda escreve em versos e arrota em sonetos.

 A Sociedade dos Poetas Vivos e Afins, por exemplo, tem mais de 500 associados, ou tinha, pois li isso faz alguns anos, quando ainda não se difundira os blogues. Agora talvez tenha 15 mil! Poetas, aqui, nascem e morrem como moscas.

Quando vc vai voltar a publicar? Há algum livro para sair?

Franklin Jorge: Só Deus sabe... Não faço parte de panelinhas e cheiro mau para o “oficialismo”... Tenho, a despeito dessa contingência, 44 títulos inéditos, além dos dois últimos volumes do “Spleen de Natal”. Tenho, programado pela Editora Flor de Sal, “O escrivão de Chatam”, uma seleção do que escrevi sobre livros e autores estrangeiros (Proust, Shakespeare, Balzac, Osamu Dazai, Mishima, Marguerite Yourcenar, Wilde, George Orwell, Thomas Mann, Luisa Mercedes Levinson, Borges, Elias Canetti, Ernesto Sábato, Montaigne, Maquiavel, José Saramago, Eça de Queiroz, Baudelaire, etc.). Porém não tenho mais ânimo para rever textos, cortar, emendar, e, assim, vou sempre protelando a publicação...

 Ah, o livro tem um prefacio magnífico de Anderson Braga Horta, da Academia Brasiliense de Letras. É meu livro preferido, ao lado de “Fantasmas Cotidianos”, que espero reeditar; já está revisto e aumentado e continua sendo, em minha opinião, o melhor de meus livros.

 O jornal impresso e o livro tradicional estão condenados?

Franklin Jorge: O jornalismo está sendo reinventado na blogosfera e é muito mais dinâmico e pode ser, ainda, mais profundo, abrangente, interativo, pois é a comunicabilidade mais completa e capaz de se irradiar instantaneamente numa mídia planetária livre, que acolhe a participação universal. A edição impressa ainda não avançou nesse processo e corre sério risco, mas creio que, afinal, se casando com as novas mídias e tecnologias da comunicação, há de sobreviver para um público que cada vez mais se faz critico da informação. Quanto ao livro – como o conhecemos -, creio que caminha para ser um objeto de culto ou de fetichismo para alguns grupos de intelectuais e fetichistas que se deliciam com um belo artefato gráfico ou com o que transmite e contém o livro cultuado por uma confraria de leitores obsessivos. Nós leitores seremos perseguidos e caçados pela policia de governos totalitários que se foram gestando por socialistas e comunistas de plantão, ou seja, de partidários e adeptos dos regimes de mão única, totalitários e tirânicos, como vemos pipocar em toda a parte graças ao silêncio dos bons. Eu, pessoalmente, sempre pensei que chegaremos a viver nesse tempo de exclusões e tortura. E, como os antigos cristãos que se reuniam nas catacumbas de Roma para ouvirem a Palavra, também seremos perseguidos e nos esconderemos para discutir e desfrutar da suprema criação da inteligência humana – o Livro. A obra-prima do homem.

De todas as polêmicas nas quais se envolveu, qual a que vc considera mais interessante?

Franklin Jorge: Sem dúvida a que surgiu em Mossoró, há uns vinte anos, quando fui perseguido pelo filho de Dix-huit Rosado, prefeito já muito velho e sem o tino certo que se deixou tiranizar por um filho pobre de espírito e descompensado.

Creio que fui a primeira pessoa, nessa época, a enfrentar de fato a oligarquia que sustenta os interesses da família Rosado, em mais de sessenta anos de exploração de uma indústria florescente – a política, patrimônio e usufruto de algumas famílias que se especializaram na exploração do Rio Grande do Norte. Ele moveu mais de vinte processos contra mim e foi perdedor em todos. Antes, quis me calar usando a força bruta.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

REFORMA DA REFORMA DA PREVIDÊNCIA

serjusmig.org.br

Honório de Medeiros


É razoável entender-se que o pano-de-fundo da questão previdenciária é de natureza estritamente financeira.

Como é óbvio constatar que essa questão demanda soluções urgentes e estruturais não atendidas pelas reformas anteriores.

É preciso levar em consideração que a experiência mundial aponta para a migração, mesmo em países avançados, no que concerne a investimentos sociais, para modelos distantes do regime próprio de previdência puro e simples, haja vista o exemplo da Espanha, Itália e os Estados Unidos da América do Norte. Saliente-se que a Noruega, a Inglaterra, e a Holanda, hoje, possuem um regime geral MAIS previdência complementar.

                                      Mas é preciso levar em consideração a compreensão histórica de que o tratamento diferenciado dado ao servidor público é uma política de Estado, calcada na distinção estrutural entre emprego e atribuição pública.

A aposentadoria diferenciada seria uma recompensa às exigências impostas pela responsabilidade, lealdade e sacrifício dos servidores públicos.

 É bem verdade que há um elevado custo financeiro, hoje, para a manutenção desses paradigmas. E esse custo, materializado em déficit previdenciário, tende a evoluir de forma assustadora para níveis que comprometem ou comprometerão a capacidade de investimento social e custeio da Administração, deixando desabrigados segmentos consideráveis da Sociedade e suas demandas, mesmo com as modificações na política de benefícios introduzidas pelas reformas efetuadas.

                                      Entretanto a reforma da previdência não pode somente se concretizar ao custo do escorchamento do servidor público. Ele é apenas o elo mais fraco da rede.

Se parece natural, para o Governo Federal, optar pelo modelo de Regime Próprio com Previdência Complementar, e tomar medidas legais que modifiquem estruturalmente a política de benefícios, também é necessário investir profundamente na compreensão de que essas medidas não resolverão, de “per si”, a questão do déficit previdenciário, e que o servidor público não deve ser espoliado mais do que já o foi e tem sido.

No atual contexto econômico-financeiro, não é possível qualquer Ente da Federação construir uma realidade previdenciária saneada sem que a União os desafogue quanto ao pagamento de sua dívida pública, por exemplo. Esse ponto é crucial.

É preciso que o Governo Federal entenda que os atuais indicadores macroeconômicos não permitirão vôos maiores na solução desse problema estrutural sem que seja discutida uma participação mais efetiva, de natureza financeira, da União, junto aos Estados e Municípios, para a solução do problema.

                                      Os Estados e Municípios não podem prescindir da ajuda da União no abatimento do seu déficit previdenciário.

É óbvio que nenhum Estado ou Município dispõe de ativos suficientes para sair de um sistema de repartição simples e custear inativos e pensionistas eliminando seu déficit previdenciário.

É factual que a aprovação das mudanças na política de benefícios não resolverá, mesmo em curto prazo, o problema de alguns Entes da Federação.

Assim, precisamos de um comprometimento maior da União, de ordem financeira, com essa opção pelo Regime Próprio mais Previdência Complementar. Até como conseqüência de que é a União quem fica com a maior parte do “bolo” tributário.

Medidas como o carreamento de pelo menos parte da dívida dos Estados para os Fundos Previdenciários, independente de outras porventura lembradas, pode ser o começo de um bom caminho. 


quinta-feira, 26 de maio de 2011

"O JULGAMENTO DE SÓCRATES", POR I. F. STONE

blogs.villagevoice.com
Honório de Medeiros
                                      I. F. Stone, “Izzy”, tinha 45 anos quando deu o passo mais arriscado de sua vida, conta-nos Sérgio Augusto em “Uma pedra no caminhos dos poderosos”, apresentação da obra “O Julgamento de Sócrates”, escrita aos 77 anos pelo ícone do jornalismo, depois de aposentado e após uma jornada intelectual que o levou, na investigação acerca da liberdade de pensamento, a pesquisar as duas grandes revoluções inglesas do século XVII, a Reforma Protestante, os pensadores ousados da Idade Média, a redescoberta de Aristóteles, a Atenas da Antiguidade, e aprender o Grego Antigo.
                                      Em 1952, Stone viu-se desempregado depois de ter granjeado fama nos Estados Unidos e Europa de mucraking, jornalista especializado em revolver casos de corrupção e abuso de autoridade trabalhando às margens das redações e desconfiando que qualquer governo tudo faz para esconder verdades incômodas, após trabalhar em vários jornais do eixo Nova Jersey – Filadélfia – Nova York, inclusive o Daily Compass e o New York Post.
                                      Com a indenização do Daily Compass criou uma newsletter sem nada semelhante na imprensa do mundo. Conta-nos Sérgio Augusto: “Dispondo da lista de assinantes de três publicações para as quais havia trabalhado, assegurou de saída 5.300 leitores. O primeiro número do I. F. Stone’s Weekly chegou aos seus assinantes no dia 17 de janeiro de 1953. Pouco antes de virar quinzenal, em 1968, o alternativo mais bem informado do planeta ultrapassou a barreira dos 40 mil leitores”.
                                      Qual não seria a influência de Izzy hoje, em tempos de aldeia global!
                                      “Os primeiros anos foram solitários”, Stone recordaria na última edição do jornal, em dezembro de 1971. “Meus leitores me sustentaram” – dentre eles Bertrand Russel, Albert Einstein e Eleanor Roosevelt. O I. F. Stone’s Weekly fechou por que Izzy não tinha mais forças, vitimado por uma angina de peito. Seu artigo de despedida foi comovente: “Tenho podido viver de acordo com minhas convicções. Politicamente, acredito que não pode existir uma sociedade decente sem liberdade de crítica: a grande tarefa do nosso tempo é uma síntese de socialismo e liberdade. Filosoficamente, creio que a vida do homem se reduz, em última análise, a uma fé – cujos fundamentos estão além de qualquer prova – e que esta fé é uma questão estética, um sentimento de harmonia e beleza. Acho que todo homem é o verdadeiro Pigmalião de si próprio. E em recriando a si próprio, bem ou mal ele recria a raça humana e o futuro”.  
“O Julgamento de Sócrates” tornou-se uma obra de referência, apesar do nariz torcido de alguns membros da comunidade acadêmica. Stone fez com Sócrates o que Karl Raymund Popper fez com Platão em “A Sociedade Aberta e seus Inimigos”: demoliu sua imagem oficial. Ao longo das páginas do seu ensaio esmaece o Sócrates “santificado” por Platão e Xenofonte a partir de um julgamento que o condenou à morte, e qual aquelas pinturas ocultas pela poeira do tempo, surge, aos poucos,        um legado: todos seus seguidores concordavam em uma questão - tratavam a democracia com condescendência ou desprezo.        
Como disse o próprio Stone: “Nas Memoráveis, Sócrates afirma que seu princípio básico de governo é que ‘cabe ao governante dar ordens e cabe aos governados obedecer’. O que exigia não era o consentimento dos governados, mas sua submissão. Trata-se, certamente, de um princípio autoritário, rejeitado pela maioria dos gregos, e em particular pelos atenienses”.
Em um governo assim, não há espaço para a liberdade de expressão. Esta questão é o fio condutor da obra: Sócrates não quis calcar sua defesa no conceito de liberdade de expressão, tão caro aos gregos do seu tempo – está em Ésquilo, Sófocles, e, principalmente em Eurípedes, para não comprometer seu visceral e antigo desdém com a democracia, escolhendo conscientemente a imortalidade que seu martírio iria originar.
Stone: “Xenofonte afirma que Sócrates queria ser condenado, e fez o que pode no sentido de hostilizar o júri”.
Quando faleceu, em junho de 1989, I. F. Stone, “Izzy”, era uma lenda viva. Mesmo assim continuava sarcástico: “Não consigo me acostumar com o lado dos vencedores”. Seu radicalismo, seu espírito outsider ainda inspiram muitos. Sua postura firme contra a intolerância o torna um ícone para os libertários de todos os credos. E sua história de vida o credencia a tornar-se um exemplo a ser usado pelos que ainda acreditam na espécie humana.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A MORTE DE "DOIS DE OURO"

Honório de Medeiros

A cruz de aroeira, carcomida pelo tempo – teria quase oitenta anos, repousa sob uma plataforma de tijolos grosseiros que alguma alma caridosa houve por bem construir à margem da muito antiga estrada do cajueiro, que liga Limoeiro a Mossoró. Originariamente, percebe-se facilmente, a cruz estava plantada diretamente no solo calcário. Hoje inclusive existe uma pequena cavidade por trás da cruz, construída com tijolos, talvez para receber velas. Um pouco à esquerda, uma oiticica centenária zomba da fragilidade humana derramando sua sombra testemunha daquele dia fatídico. Mais além, um denso mar de algarobas, marmeleiros, juremas, mufumos, todos acinzentados pelo pó que o vento quente revolve, dá uma precisa noção do tipo de homem que é capaz de enfrenta-lo: o sertanejo!

                   Ali estava sepultado um tipo de sertanejo que já não existia mais. Pelo menos nos moldes de antigamente. Um cangaceiro. Menino de Ouro? Alagoano? Dois de Ouro? Az de Ouro? Não é provável que sejam os dois primeiros, por que há relatos de fontes primárias quanto à presença deles em episódios posteriores envolvendo o cangaço. A dúvida é: qual dos dois? Dois de Ouro ou Az de Ouro? Se obedecermos à ciência, que nos manda respeitar o testemunho de quem presenciou os fatos, a tendência é que tenha sido Dois de Ouro.

                   Naquele dia fatídico, fugindo a passo acelerado de Mossoró, onde perdera Colchete e Jararaca, Lampião carregava consigo, tomado por dores cruciantes, esse cangaceiro que teria sido atingido por uma bala que lhe destruíra o nariz. Lampião já parara em uma casa humilde – esse episódio é por demais conhecido – e obtivera água e sal para lavar o ferimento. Coberto de sangue, com a cabeça envolvida por um lenço sujo, o cangaceiro, entretanto, não conseguia continuar. E, à sombra da oiticica, decidiu morrer. Pediu que lhe matassem – não queria continuar. Após muita discussão um seu companheiro o executou e sepultou em cova rasa.

                   No entorno da sepultura há muitas pedras – calcário. São pedras milenares. Testemunharam tudo. Pudessem relatar o que viram e ouviram contariam a nós acerca daquele momento tenebroso. Saberíamos, talvez, quem de fato teria sido o cangaceiro executado a pedidos. Diriam a nós um pouco mais acerca desses homens-feras que não temiam a morte, a sede, a fome, caminhadas sem fim por sobre um chão inóspito, debaixo do sol inclemente, fendendo a braçadas a caatinga áspera. Não temiam os inimigos naturais – as volantes, os “macacos”, a resistência, quando havia, dos habitantes do Sertão a quem atacavam. Não temiam a traição permanente dos coiteiros e coronéis com os quais constituíam essa página da história do Brasil recém saído da monarquia. Não temiam nada.

                   Para esse cangaceiro desconhecido deixamos nossa perplexidade, algumas orações, muitas perguntas não respondidas e uma vela acesa, solitária, com a chama a teimar em sobreviver lutando contra o vento quente do Sertão.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

ENTREVISTA COM FRANKLIN JORGE SAI SÁBADO


FRANKLIN JORGE, O "INCONFORMISTA UTÓPICO", FOI ENTREVISTADO POR ESTE BLOG.

SAIBA, ENTRE OUTRAS COISAS, ACERCA DE SUAS POLÊMICAS.

VEJA SÁBADO, DIA 28, O RESULTADO.

"DIA DE CHUVA"

stylemoda.com.br


Por Mário Quintana, em "Preparativos de Viagem":

Dia de chuva
É para a gente rasgar cartas antigas...
Folhear lentamente um livro de poemas...
Não escrever nenhum...